terça-feira, 25 de julho de 2017

Taxistas Cariocas levam carro para benzer e pedem proteção a São Cristóvão no dia do padroeiro

Padre Eli Carvalho benze o carro do taxista Luiz Carlos Santana, que foi pedir proteção ao padroeiro
Padre Eli Carvalho benze o carro do taxista Luiz Carlos Santana, que foi pedir proteção ao padroeiro Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
O padre Eli Carvalho, pároco da igreja de São Cristóvão, no bairro de mesmo nome, na Zona Norte do Rio, trocou o altar pelo meio da rua, nesta terça-feira, dia do padroeiro dos motoristas. Ao passar pelo templo, na Praça Padre Seve, devotos ao volante reduziam a velocidade para ter o carro benzido pelo religioso, que durante a manhã recebeu desde veículos de pequeno porte a caminhões e ônibus. Além da benção para ajudar a enfrentar o dia a dia no trânsito, a maioria tinha o pedido comum de proteção contra a violência.
— O povo está pedindo intercessão (de São Cristóvão) por ter tido carro roubado ou enfrentado outro episódio de violência. Eles buscam a benção do santo porque as coisas na nossa cidade andam meio esquisitas — afirmou o padre.
Uma escola particular de Laranjeiras, na Zona Sul, enviou toda a sua frota, composta por quatro vans escolares, para receber a benção do pároco. Os motoristas se dirigiam à igreja, a medida que iam sendo liberados da missão de transportar os alunos do primeiro turmo. José Estênio Araújo, de 61 anos, foi o último. Ele chegou em São Cristóvão por volta das 10h.
— Todos os meus outros colegas já passaram por aqui. Viemos pedir ao nosso padroeiro para nos defender dos perigos. Afinal, trabalhamos com crianças e a responsabilidade é grande. Que São Cristóvão defenda a mim, o carro e os alunos — pediu o motorista, que todos os anos repete o mesmo ritual.
Os taxistas Luiz Fernando Capps, de 55 anos, e Luiz Carlos Santana, de 62 anos, disseram que a principal dificuldade enfrentada pela categoria atualmente é a perda de passageiros, com entrada em cena do aplicativo Uber. A violência nas ruas também preocupa os profissionais, que fizeram questão de dar uma pausa no trabalho para pedir benção ao padroeiro.
— Nós estamos agonizando, O negócio está triste. A principal dificuldade é a falta de passageiros, além do trânsito, engarrafamentos e a violência, que é uma preocupação constante —afirmou Luiz Santana.
Mesmo não sendo motorista, mas devoto do santo, o gari Arnaldo Araújo Silva, de 60 anos, também largou a vassoura por alguns instantes e foi pedir a benção ao padroeiro.
— A vida está difícil. Quem sabe com a ajuda dele não melhora? — indagou.
Dentro da igreja, centenas de fiéis acompanharam as missas. A primeira foi às 6h30. No total, estão programadas oito celebrações ao longo do dia, a última às 18h. Às 17 horas haverá uma procissão pelas ruas do do bairro.

Igreja ficou lotada durante as missas, que começaram a ser celebradas às 6h30
Igreja ficou lotada durante as missas, que começaram a ser celebradas às 6h30 Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Busca por documentos
Além dos devotos de São Cristóvão, muita gente compareceu à igreja atraída pelos serviços do Detran e da Defensoria Pública do Estado que montaram várias tendas em torno da igreja, para oferecer serviços à população, como a emissão de documentos como carteiras de identidade, de habilitação e certidões.
O mutirão do Detran, que já ocorreu em sete cidades do interior e foi trazido à capital pela primeira vez, disponibilizou todos os serviços do órgão, com exceção da vistoria de automóveis. O público-alvo eram os moradores do bairro e região vizinha, mas acabou atraindo até gente que mora distante. O rodoviário Gilmar Teixeira de Siqueira, de 54 anos, veio de Queimados especialmente para fazer o exame de vista e o psicotécnico.
— Aqui é de graça e faço na hora. Se fosse num posto do Detran teria de pagar R$ 180 pelos dois serviços e ainda assim só conseguiria agendar para daqui a dois meses — disse.
A cabeleireira Ana Maria Alves de Oliveira, de 57 anos, veio do Méier, em busca da segunda via da carteira de identidade. Ela contou que depois de 15 dias tentando o agendamento havia conseguido marcar o atendimento para Bangu, mas desistiu da espera ao tomar conhecimento do mutirão em São Cristóvão.
— Aqui saiu na hora —aprovou.
Aliás, o serviço de identificação civil, era o mais procurado. A adolescente Mariana Nobre de Oliveira de 14 anos, havia perdido a carteira de identidade há dois anos, mas só com o mutirão perto de casa se animou a fazer uma segunda via. Porém, o que a jovem mais gostou foi de saber que podia sorrir na foto para o documento, com a campanha do Detran para acabar com as poses sisudas.
— Assim é bem melhor. Na primeira via minha foto já era sorrindo, timidamente. Agora que estão estão estimulando é outra coisa.

Mariana Nobre gostou de saber que o sorriso está liberado na foto para documento
Mariana Nobre gostou de saber que o sorriso está liberado na foto para documento Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

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